O UOL apresenta hoje (15) informações inéditas sobre supostos casos de rachadinha ocorridos nos gabinetes legislativos de toda a família Bolsonaro. No caso específico do presidente, à época deputado, há o registro, decorrente da quebra de sigilo fiscal, de quatro funcionários que trabalharam no gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara e retiraram 72% de seus salários em dinheiro vivo (no contracheque, receberam R$ 764 000 líquidos e sacaram R$ 551 000 em cash).

Pelas regras de impeachment, um presidente da República só pode ser processado por atos que cometeu durante o seu mandato. Portanto, do ponto de vista jurídico, a perda de mandato está fora de questão.

O episódio, porém, machuca muito a imagem de Bolsonaro. Até agora, as rachadinhas estavam restritas a um de seus filhos – mas, pelas evidências, há uma grande chance de que esse esquema era adotado por toda a família. Se for comprovada a utilização desse expediente pelo presidente enquanto foi parlamentar, esse episódio será plenamente utilizado contra ele durante a campanha eleitoral de 2022.

Muitos seguidores de Bolsonaro poderão dizer que rachadinha não é exatamente corrupção. E que esses esquemas são café-pequeno perto da governança das propinas feita pela Odebrecht para administrar o caixa dois dos políticos na Lava-Jato. Esses dois argumentos podem até ser levados em conta. Mas desvio de dinheiro público, seja qual for seu volume, é condenável e ilegal. A rachadinha é isso: a captura de recursos do Estado que deveriam ir para um funcionário e terminam no bolso de um político.

Por fim, o governo abre espaço para uma nova renegociação sobre o preço a pagar pelo apoio do Centrão. Se esse taxímetro tinha passado da bandeira um para a bandeira dois com a possibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva ser candidato, o episódio novo de rachadinhas cria um cenário diferente: o Centrão virá com uma tabelinha de tarifas reajustadas e pedirá mais uma aferição para o aparelhinho.