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O fim de Bolsonaro e Lula como padrinhos políticos?

As pesquisas eleitorais vêm mostrando que o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm claras imitações como padrinhos políticos, especialmente nos pleitos das capitais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Bolsonaro não foi o responsável pelo desempenho surpreendente de Pablo Marçal ou a recuperação do prefeito Ricardo Nunes. Ao mesmo tempo, o apoio de Lula não foi suficiente para uma arrancada decisiva de Guilherme Boulos, que patina no mesmo patamar de intenções desde o início da campanha.

No Rio, a coisa parece ser ainda pior. Eduardo Paes tem uma dianteira tão folgada que deve ser eleito no primeiro turno. O apoio de Lula é encarado pelos estrategistas de Paes como algo circunstancial, que pouco mexe com a cabeça do eleitorado carioca. E o candidato de Bolsonaro, Alexandre Ramagem, até que conseguiu crescer um pouco nos últimos dias – mas não conseguirá derrotar o atual prefeito.

No caso da eleição paulistana, há dois fenômenos que precisam ser analisados com profundidade.

O primeiro é o desempenho de Pablo Marçal. Ganhando ou perdendo, o candidato do PRTB mostrou que não há fidelidade absoluta do voto da direita a Bolsonaro. Esse grupo vota de acordo com o discurso e o comportamento de um determinado candidato. E, neste aspecto, Marçal é mais realista que o rei. Na prática, ele é muito mais bolsonarista que o próprio ex-presidente.

O que deseja esse eleitor? Um candidato que defenda as bandeiras conservadoras, mas, ao mesmo tempo, expresse a sua necessidade em criticar e questionar o sistema. Bolsonaro, apesar de décadas de Congresso, conseguiu simbolizar essa insatisfação. Mas, depois de passar pelo Planalto, fica difícil vender uma imagem anti-sistema. Já Marçal, que nunca ocupou um cargo político, consegue vestir esse figurino com perfeição – e pode incomodar nas próximas eleições, seja como candidato ao Senado ou à Presidência.

Outro fenômeno importante é a atuação do governador Tarcísio de Freitas na eleição. Quando houve um crescimento avassalador de Marçal e uma estancada momentânea nos índices de Nunes, muitos acharam que a fatura estava liquidada em favor do ex-coach. Bolsonaro, inclusive, teria mandado um recado a Tarcísio de que o apoio ao prefeito seria um “suicídio político”.

Tarcísio, no entanto, manteve o apoio prometido a Nunes e mergulhou mais a fundo em sua campanha. Esse movimento, somado a um tempo enorme de propaganda política na TV e no rádio, deu a Nunes o fôlego necessário para se reerguer.

Essa recuperação do prefeito, contudo, mostra que o governador é um cabo eleitoral com enorme força. Em um eventual segundo turno entre Nunes e Boulos, haverá um embate implícito: Lula contra Tarcísio. Quem vencerá? Por enquanto, Lula tem mostrado dificuldades em impulsionar Boulos. Dentro deste cenário, a culpa é do presidente, que tem pouco cacife, ou do candidato, que tem suas limitações? Qualquer que seja a resposta, a responsabilidade é do próprio Lula. Afinal, foi ele quem sacramentou a candidatura de Boulos dois anos atrás, quando prometeu o apoio do PT a ele como postulante à prefeitura paulistana. Portanto, se a esquerda perder, o presidente será um dos culpados diretos, por escolher alguém que tinha a imagem ligada ao radicalismo.

E Tarcísio? Está no melhor dos mundos. Se Nunes ganhar, colherá os louros da vitória e aparecerá como o principal responsável pelo triunfo. Se, por outro lado, o prefeito for derrotado, a percepção será a de que Nunes era um candidato pesado de se carregar.

O que se enxerga, hoje, é um favoritismo dividido entre Nunes e Boulos, com vantagem para o prefeito no segundo turno. Se esse prognóstico for confirmado, Tarcísio surgirá como o grande vencedor da eleição – e poderá se bancar para um voo maior em 2026. Por enquanto, tudo não passa de especulação. Mas, a partir de novembro, poderemos – com os resultados nas mãos – analisar melhor o panorama pré-eleições presidenciais. Uma coisa, porém, é certa: a força política de Tarcísio cresce a cada dia, arregimentando o centro e a direita.

Tarcísio se transformará em seu próprio padrinho político? Saberemos em 2026.

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