Peças enganadoras informam que 74% dos canadenses que tomaram três doses tiveram problemas imunológicos. E tem gente no Brasil que acredita

Publicações nas redes sociais informam que o governo canadense divulgou que 74% dos vacinados contra a covid-19 contraíram aids no país. O boato é tão absurdo e desprovido de fundamento que foi escolhido a Fake News da Semana. A começar que os relatórios citados não fazem qualquer menção à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida como efeito colateral da imunização. Mesmo assim, foi cunhada a denominação fantasiosa VACS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida por Vacinas), algo que inexiste no sistema CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, ICD em inglês).

O que a Agência de Saúde Pública do Canadá mostra são apenas os números totais de casos, hospitalizações e mortes decorrentes da covid. Junto estão as quantidades de testes e a lista das variantes do vírus Sars-Cov-2 em circulação naquele país. Porém, há uma pegadinha para quem não sabe fazer contas. Uma fórmula enganosa leva em consideração as taxas de casos entre vacinados e de não imunizados – até aí, tudo quase bem. A seguir são feitas subtrações e divisões arbitrárias em uma conta de chegada para casar resultados e cravar que a vacina destrói o sistema imunológico.

Publicações com esse conteúdo enganoso acumulavam 4 mil compartilhamentos no X (ex-Twitter), além de centenas de curtidas e compartilhamentos no Instagram e no Facebook. A deputada federal Bia Kicis ajudou a espalhar a desinformação. A VAIDS é um invencionice pseudocientífica do grupo de extrema direita America’s Frontline Doctors que usa essa maluquice para atacar o premier canadense Justin Trudeau (imagem) e as teses democráticas e liberais defendidas pelo Fórum Econômico Mundial.