Beber em casa pode, mas comprar no comércio durante o feriadão do Dia do Piauí está proibido por decreto. Esta foi a maneira estapafúrdia que o governador piauiense, Welington Dias, encontrou para combater o coronavírus. A lei seca foi anunciada nesta quarta-feira (13) e vai valer do início da madrugada de sexta-feira (15) até o final do domingo (17). Não há justificativa jurídica ou científica para a iniciativa. O decreto, que claramente fere as liberdades individuais, provocou a revolta de cidadãos, em especial dos comerciantes. O descontentamento pode gerar liminares na Justiça.

Segundo o governador, a intenção é evitar aglomerações em bares, o que facilita a propagação da covid-19. “No Piauí, não vamos adotar lockdown típico, que é a paralisação total. Podemos fazer se for necessário, mas quero trabalhar uma alternativa intermediária antes de uma medida radical. Estamos determinando lei seca a partir da 0h de sexta-feira, que é feriado antecipado do Dia do Piauí. Bares que vendem (bebida alcoólica), pessoas que se aglomeram, que estavam transitando bêbadas, entupindo as UTIs de saúde. Nesse caso, será tratado como crime”, disse em entrevista, sem especificar como uma pessoa infectada poderá ser penalizada e se há legalidade na decisão. Já o consumo de bebidas alcoólicas em casa não está proibido.

O governador também vai suspender ou limitar atividades entre a madrugada de sexta e o domingo. O transporte intermunicipal e a construção civil serão paralisados, postos de combustível terão novos horários – não anunciados – , borracharias terão que seguir novas regras de higiene e funcionamento e bancos e lotéricas ficarão fechados. Quem vier de outro estado para o Piauí terá que ser testado para o coronavírus.

Também foi anunciado que haverá uma redução de serviços essenciais no período de vigência das novas medidas. Farmácias, panificadores, supermercados funcionam.

O Piauí soma 1.443 casos confirmados de covid-19, com 49 mortes. A taxa de ocupação das UTIs do SUS está cima de 40%.