Ontem à noite, o site Poder 360, editado pelo jornalista Fernando Rodrigues, deu a notícia de que o governador João Doria teria ligado ao Ministro Paulo Guedes e o aconselhado a sair do governo para “salvar sua biografia”.
A conversa que se sucedeu seria a seguinte:
João Doria – Paulo, estou te ligando não como governador, mas como amigo. Quem sustentava governo era o Sergio Moro e você. Agora, sobrou você. Você é muito admirado. Em nome da sua biografia, quero te dar um conselho: desembarque do governo agora.
Paulo Guedes – João, eu agradeço sua ligação, mas não sou eu que sustento o governo Bolsonaro. Quem sustenta o governo é o povo que elegeu o presidente. Ele tem um terço de apoio. E outro um terço que fica no meio do caminho depois vai apoiá-lo. João, o país vive um momento democrático que é barulhento, mas virtuoso.
Conheço o jornalista Fernando Rodrigues há trinta anos. É um profissional sério e respeitado, que diz ter consultado pelo menos cinco fontes que ouviram o depoimento de Paulo Guedes antes de publicá-lo. Ele postou a nota ontem à noite, quando foi repercutido pela CNN. Até agora, 12:40, não houve um só desmentido das duas partes envolvidas.
O último post de João Doria no Twitter foi há uma hora, para lamentar a morte do jornalista Nirlando Beirão, com quem trabalhei e era dono de um texto fabuloso, além de ser uma das pessoas mais gentis que conheci.
Diante disso, a chance de a ligação ter ocorrido, com o conteúdo que vazou, é muito grande.
A ligação do governador a um ministro de Estado, incitando-o a abandonar o governo, é um ato precipitado. O ministro Guedes é um economista experimentado, com 70 anos de idade. Difícil acreditar que ele seria convencido, com um simples telefonema, a desembarcar do governo que vive um momento desafiador. A crise brasileira, comparada à dos demais países, extrapola os problemas gerados pelo coronavírus, pois estamos também enfrentando abalos sistemáticos no cenário crise político. Sugerir a Paulo Guedes que abandone o Executivo, no meio desta confusão, é colocar mais lenha nessa fogueira.
