O investimento total para alcançar nova capacidade é de R$ 1,6 bilhão
A mineradora Samarco anunciou nesta sexta-feira (23) que antecipará o aumento na produção de pelotas de minério de ferro, elevando sua capacidade de 9 milhões para 15 milhões de toneladas anuais. O novo cronograma projeta o início da expansão para dezembro deste ano, adiantando o plano anterior que previa o aumento apenas para o primeiro trimestre de 2025. As informações são do Valor Econômico.
O investimento total para alcançar essa nova capacidade é de R$ 1,6 bilhão, e a empresa criou 3 mil novas vagas de trabalho nos últimos meses. Atualmente, a Samarco conta com aproximadamente 15 mil funcionários diretos e indiretos.
A Samarco, que tem como sócios a Vale e a BHP Billiton, ainda se recupera dos efeitos da tragédia de 2015, quando uma barragem de rejeitos se rompeu em Mariana (MG), resultando na morte de 19 pessoas e causando uma devastadora inundação de lama que afetou a região e a costa do Espírito Santo. As operações da empresa ficaram paralisadas até 2020, quando a primeira fase da retomada foi iniciada. A segunda fase começa agora, e a terceira está prevista para 2028, quando a empresa espera alcançar a produção anterior ao desastre.
Atualmente, o processamento de rejeitos da Samarco não utiliza lagoas; o rejeito é filtrado e empilhado a seco, com uma pequena parte sendo depositada em uma cava.
Gustavo Selayzim, diretor financeiro da Samarco, destacou que a empresa projeta uma receita de US$ 1,2 bilhão para 2024, com expectativas de que a expansão da produção aumente essa receita para entre US$ 1,8 bilhão e US$ 2 bilhões, mantendo os preços atuais. “A Samarco é extremamente saudável financeiramente,” afirmou Selayzim, ressaltando que a expansão foi financiada com recursos próprios, sem a necessidade de endividamento adicional.
Apesar do progresso financeiro, a empresa continua em recuperação judicial e enfrenta uma dívida bilionária com credores de títulos emitidos antes da tragédia. Em dezembro, a Samarco emitiu novos títulos no valor de US$ 3,98 bilhões com vencimento em 2031.
Além das questões financeiras, a Samarco segue comprometida com a reparação dos danos causados pelo desastre de 2015. A empresa já desembolsou R$ 37 bilhões para reparação, dos quais R$ 17 bilhões foram destinados a indenizações. A repactuação do acordo de reparação está em discussão com a União, os governos de Minas Gerais e Espírito Santo, Ministérios Públicos e Defensorias Públicas. Recentemente, o poder público apresentou uma contraproposta de R$ 109 bilhões, a serem pagos ao longo de 12 anos.
“Estamos otimistas de que chegaremos a um acordo comum rapidamente,” concluiu Selayzim, embora o processo judicial relacionado ao desastre ainda não tenha resultado em condenações e continue a ser debatido na Justiça.
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