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Exame: Ele fazia R$ 700 mil com memes do Twitter. E agora? 

O publicitário Giancarlo Alves é dono da página do Instagram Memes Twitter. Agora, a página passa a ter novo nome e novas metas

Debate de candidatos à prefeitura de São Paulo. Estreia da novela das 9. Prisão, soltura, e nova prisão da advogada e digital influencer Deolane Bezerra. Estão aí três assuntos que, certamente, gerariam centenas de memes no X, antigo Twitter, se ele ainda estivesse disponível para usuários no Brasil. 

Desde o dia 31 de agosto, porém, a rede social de Elon Musk está bloqueada judicialmente no país, enquanto não apresenta um representante legal. 

Para os viciados de plantão, o que sobra é crise de abstinência — admita, você que acessava o X diariamente já escorregou e clicou sem querer no aplicativo, só para então lembrar que ele está fora do ar — e alternativas como o Threads, da Meta, e o Bluesky, criado pelo mesmo fundador do Twitter.

Mas e para quem tinha no X uma das suas fontes de receita?

É o caso do publicitário paulista Giancarlo Alves. Ele é fundador da página Memes Twitter no Instagram. A conta na rede social pegava memes que bombavam na rede social de Musk e compartilhava com cerca de 3 milhões de seguidores na rede social de Zuckerberg. Até famoso segue a página, como Ana Maria Braga, Anitta e Tatá Werneck. 

Vendendo espaços publicitários, a página de Alves consegue faturar algo em torno de R$ 700 mil por ano, contando com uma enxuta equipe de cerca de quatro pessoas.

Agora sem o Twitter, a página recebe um novo nome e passa a focar em outras redes sociais para caçar os acontecimentos que são motivos de risadas para os seguidores. 

A página passa a se chamar Memes Brasil, ganha um emoji de passarinho como foto principal e focará em plataformas como TikTok, Trheads, Bluesky e o próprio Instagram para achar os memes que irá compartilhar. A meta é faturar algo em torno de R$ 800 mil neste ano. 

Como começou a Memes Twitter

Formado em publicidade em 2015, Alves começou a página Memes Twitter em 2018, quando já trabalhava em uma agência de publicidade. A ideia surgiu de uma paixão por memes e pela comunicação rápida e sagaz que o Twitter proporcionava. 

“Eu sempre fui muito curioso, e o Twitter sempre foi a rede social onde as coisas aconteciam primeiro”, diz.

No início, ele usava a página no Instagram para compartilhar com amigos os memes que via. Mas os amigos começaram a compartilhar e a página foi ganhando escala. Aos poucos, Alves percebeu o potencial de curadoria de memes e começou a estruturar a página como um negócio.

Foi ainda trabalhando na agência que ele deu os primeiros passos rumo ao empreendedorismo digital. 

“Com o tempo, as marcas começaram a me procurar, e eu vi que havia ali uma oportunidade de negócio”, diz Giancarlo. 

Em 2021, ele decidiu se dedicar exclusivamente à página, contratando uma pequena equipe para ajudar na criação de conteúdo e no atendimento às demandas publicitárias.

Como funciona a página no Instagram

Hoje em dia, Giancarlo é praticamente um curador de memes. 

Ele passa o dia de olho em diversas redes sociais, como TikTokThreads e Bluesky, buscando conteúdos que têm potencial para virar meme. Até o Facebook, hoje em dia não tão consumido por gerações mais novas, entra no radar. Afinal de contas, o público de mais de 60 anos também consome a página de Alves.

“Eu vejo os conteúdos, faço uma triagem, e depois envio para a equipe que monta o layout e publica”, afirma.

A equipe, inclusive, está crescendo. Até o final do ano, Giancarlo quer adicionar pelo menos mais duas pessoas no time: uma no design e outra na área de redes sociais.

Um dos diferenciais do Memes Brasil é o cuidado em dar os devidos créditos aos criadores originais dos memes, algo que, segundo Giancarlo, é fundamental para manter a integridade e a autenticidade da página. 

“A gente sempre faz questão de creditar os criadores. É algo que, no início, nem todas as páginas faziam, mas para nós isso é uma prioridade”, diz.

As mudanças após o bloqueio do Twitter

A mudança de nome já era algo que Giancarlo vinha considerando há meses. 

“O Twitter deixou de ser a principal fonte de memes. Muitas coisas começaram a viralizar primeiro no TikTok e no Instagram. O bloqueio no Brasil foi o empurrão que faltava para a gente concretizar essa mudança”, afirma.

Agora, sob o nome Memes Brasil, a página promete expandir ainda mais seu alcance, explorando novos formatos de conteúdo e outras plataformas. Já é possível ver mais vídeos na página, por exemplo. Inclusive alguns que veem de plataformas como o TikTok. 

“A ideia é continuar com o mesmo espírito de humor, mas adaptando para as novas redes e linguagens que estão surgindo”, diz Giancarlo.

A página pretende também investir em novos tipos de conteúdos, como vídeos originais, parcerias com humoristas e influenciadores, e até mesmo memes interativos que envolvam a participação dos seguidores. O objetivo é alcançar a marca de 4 milhões de seguidores até o final de 2024 e 800.000 reais em faturamento.

Apesar das mudanças, o humor continua sendo o motor da página. O próprio bloqueio do Twitter virou meme: houve até ‘missa de sétimo dia’ do X no Bluesky. Se depender de Giancarlo, os memes das eleições, da nova novela e da prisão da Deolane estão garantidos.

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Por Daniel Giussani

Publicado originalmente em: bit.ly/3Xk6XP6

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