Ritmo de contratação não pode ser sustentado indefinidamente. Pesquisas apontam para uma desaceleração, enquanto os salários sobem

Os Estados Unidos registraram níveis recordes de abertura vagas e de demissões em março, apontando para a aquecimento do mercado de trabalho, o que deve manter os salários em elevação. As vagas disponíveis aumentaram para 11,5 milhões no mês, ante 11,3 milhões em fevereiro, mostrou a Pesquisa de Vagas e Rotatividade de Trabalho do Departamento do Trabalho, o JOLTS, nesta terça-feira (3). A previsão mediana em uma pesquisa da Bloomberg com economistas previa 11,2 milhões de vagas.

O curioso é que a quantidade de vagas abertas na economia dos EUA manteve-se bem acima das contratações, que ficaram em 6,7 milhões em março. As desistências subiram para um recorde de 4,5 milhões, com a taxa ficando em 3% em relação aos lugares ocupados. Já as demissões, que estavam em torno de 1,8 milhão por mês antes da pandemia, aumentaram para 1,4 milhão em março, ante 1,35 milhão em fevereiro, informou o Bureau of Labor Statistics.

Setores

Por setor, as vagas aumentaram significativamente no comércio varejista, com 155 mil. A indústria de bens duráveis ​​abriram 50 mil em março. Em contraparte, as vagas diminuíram em 69 mil nos setores de transportes, armazenamento e serviços públicos, além da perda de 43 mil postos na educação nos governos estaduais e locais.

Efeitos da pandemia

O nível de oferta, no entanto, permanece bem acima dos níveis pré-pandemia, que teve média de 7,1 milhões ao mês ao longo de 2019. “As empresas contrataram cerca de 3,5 milhões nos últimos seis meses, quase o triplo do ritmo que esperamos ver no meio de um ciclo normal, então eles devem estar fazendo incursões em sua carteira de contratações. Esse ritmo de contratação não pode ser sustentado indefinidamente, e algumas pesquisas apontam para uma desaceleração nos próximos meses”, escreveu Ian Shepherdson, economista-chefe da Pantheon Macroeconomics, em nota. “Mas é importante distinguir entre a normalização no crescimento do emprego e uma redução de ciclo no final do ciclo. Vemos pouco risco de curto prazo deste último.”