Levantamento revela que os homens consideram mais a avaliação de suas parceiras na hora de investir em uma propriedade. Especialistas relatam o que é mais decisivo para elas na hora da escolha

Entre os casais, as mulheres têm maior influência na decisão de compra de um imóvel. É o que sugere uma pesquisa recente realizada da consultoria Brain Inteligência Estratégica. A explicação, segundo os coordenadores, é que elas, além de sentirem emoções positivas, como entusiasmo e felicidade, em um percentual de 10% a 20% mais que eles, o empoderamento feminino faz com que elas tenham mais influência.

Outro estudo, da Behup, mostra que 21% das entrevistadas contaram ter decidido sobre a compra de seus imóveis sem considerar muito a opinião do companheiro(a), enquanto apenas 12,4% dos homens relataram o mesmo. Além disso, 15% das mulheres contaram que seus companheiros(as) não contribuíram na escolha. Ao mesmo tempo, entre o sexo masculino esse índice foi de 6,8%. Mesmo assim, a opinião dos parceiros(as) foi considerada importante para 49,6% das mulheres e 62,1% dos homens. 

Coordenador comercial da SIM Incorporadora, construtora de condomínios verticais de alto e médio padrão em Goiás, Guido Santos afirma que o público feminino sempre teve forte influência sobre onde a família irá viver e reconhece que esse poder só tem aumentado com tempo. A causa central é a independência financeira cada vez  maior. Ele também afirma que elas geralmente costumam se preocupar mais com a questão da casa própria. “Acredito que seja pela questão de segurança e estabilidade financeira de possuir um imóvel como patrimônio”, avalia.

Guido Santos também destaca que em uma família onde há filhos, a influência da mulher é ainda maior e determinante. “Embora haja homens que participam um pouco mais da criação dos filhos, essa rotina das crianças ainda recai muito mais sobre a mulher. Então, na escolha de um imóvel, ela leva muito em consideração os espaços de lazer dos filhos”, revela Santos.

Racionais sempre

Eltoncley Mascarenhas, gerente comercial da Yutá Incorporadora, também de empreendimentos residenciais de médio e alto padrão, compartilha da percepção de seu colega. “Elas desempenham um papel fundamental. No dia a dia, durante os atendimentos, percebemos cada vez mais que elas têm um grande poder de convencimento e argumentação sobre o parceiro e demais membros da família. Sem contar que, em muitos casos, são elas que respondem pelo financiamento e pagamentos”, conta.

Todavia, Mascarenhas discorda de parte da conclusão apresentada pela pesquisa da Brain em relação à questão da impulsividade emocional. “Associamos as mulheres a um perfil mais emocional, no entanto, na prática, ocorre o contrário. Elas trazem racionalidade para a negociação. Elas têm uma visão mais ampla, algo que, em geral, os homens não conseguem ter”, argumenta.

Atentas aos espaços

Na opinião de Santos, as mulheres geralmente observam mais as metragens e disposição dos ambientes. “Outra coisa que chama atenção delas, quando há, são os armários, e mesmo quando não há, elas pensam nos espaços que podem ser ocupados”, conta. 

Ele atribui esse interesse maior por parte das mulheres ao fato de que, ainda hoje, são elas que se envolvem mais com a rotina da casa. “Em resumo, a mulher, tradicionalmente, tem um olhar mais cuidadoso. Ela tem uma sensibilidade para situações do dia a dia, que o homem, no geral, não tem”, argumenta Guido Santos.

Para Mascarenhas, “elas conseguem ver um universo dentro do imóvel, algo que os homens não conseguem. Nós tendemos a ser mais focados em números. Elas analisam as funcionalidades e os diferenciais que irão agregar na qualidade de vida”. Um exemplo dessa preocupação com a organização espacial é o closet. “Quando uma mulher entra na suíte e vê um closet bem planejado, costumam dizer: “Quero esse!’”, relata.