Quando o dólar e o preço do petróleo sobem, a gasolina e o diesel precisam de reajustes frequentes, causando insatisfação generalizada e turbinando a espiral inflacionária. A responsabilidade por este processo recai sobre os ombros da Petrobras e, por tabela, nos do governo. O presidente Jair Bolsonaro, sob pressão desde que as cotações dos combustíveis dispararam, reconheceu publicamente que há muitas desvantagens em manter a companhia sob o guarda-chuva estatal.

“Impagável o preço do combustível no Brasil. E lamentavelmente a Petrobras não colabora com nada. Muita gente me critica, como se eu tivesse poderes sobre a Petrobras. Não tenho poderes sobre a Petrobras. Para mim é uma empresa que poderia ser privatizada hoje, ficaria livre desse problema”, disse.

O arroubo liberal de Bolsonaro não pode ser levado ao pé da letra e é mais um desabafo do que uma convicção, já que ele não consegue interferir na política de preços da empresa. Mas, deixando a insatisfação do governo momentaneamente de lado, é preciso discutir o papel que a Petrobras precisa desempenhar daqui para frente. Hoje, a companhia vive em uma espécie de limbo: é uma empresa aberta, com ações negociadas em Bolsa, e ao mesmo tempo é uma companhia estatal.

Com esta identidade híbrida, é constantemente questionada pela administração federal toda vez que os preços sobem nas bombas. Mas seus diretores nada podem fazer pois existe na estrutura corporativa uma governança que segue as regras de mercado.

Diante dessa situação – e de muitas que ainda vão surgir – o ideal seria tirá-la deste lusco-fusco, deixando-a de um lado só. De preferência, privatizada.