Professor de economia do Insper, Otto Nogami chama a atenção para o baixo volume de investimentos no país, o que acabou afetando o resultado do PIB. Segundo dados divulgados na sexta-feira 31 pelo IBGE, a economia brasileira cresceu só 0,2% no segundo trimestre na comparação com o período anterior. Em entrevista a MONEY REPORT, Nogami destaca que a queda de 1,8% nos investimentos prejudica ainda mais o lento processo de retomada da economia. Confira:
Qual é a sua avaliação do resultado do PIB?
Comparando com as minhas projeções, ele veio um pouco melhor do que o esperado. Eu estava um pouco mais pessimista. O detalhe que chama a atenção e que preocupa é a queda na formação bruta de capital fixo (investimentos) em relação ao trimestre anterior. À medida em que você tem uma queda no volume de investimentos, isso sinaliza que haverá um retardo no resgate do processo de crescimento da economia. Ou seja, não temos uma perspectiva otimista em relação aos próximos resultados. Esse é o dado que mais preocupa.
Os empresários e o mercado já esperavam investimento fraco?
Já existia essa percepção. Andando pelas empresas, conversando com os empresários, a gente já sentia que havia uma indisposição, no sentido de colocar a mão no bolso e investir na produção. O número só confirmou aquilo que se conversava nos bastidores.
Quais são as projeções para o ano?
No ano consolidado, a minha projeção está em 1,47%. Se nada de estranho ocorrer, a perspectiva para o terceiro trimestre é de um resultado melhor do que o verificado no segundo trimestre, porque estaremos no período de produção para as festas de fim de ano. A despeito do cenário, o empresário vai necessariamente ter que investir mais na produção.
Qual será o impacto das eleições?
À medida em que você tem toda essa incerteza política, os investimentos são postergados. Diante do atual cenário, o investidor certamente não vai colocar a mão no bolso. A partir do momento em que o futuro presidente estiver definido, aí sim nós poderemos sentir alguns movimentos com relação a investimentos no setor produtivo. O empresário ainda vai esperar por uma definição mais clara.
