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Demanda por empréstimos cai, mas renegociações sobem

Famílias endividadas têm encontrado nos refinanciamentos das dívidas uma forma de dar fôlego ao orçamento

O contexto econômico brasileiro segue marcado pelo endividamento familiar. Assim, muitos ainda dependem de diferentes modalidades de crédito para complementar a renda mensal, quitar dívidas ou iniciar novos negócios, como mostra um panorama produzido pela fintech de crédito FinanZero, a partir de dados de 2023.

A pesquisa aponta que um terço dos solicitantes na FinanZero precisou lidar com esse tipo de despesa. No total, a busca por empréstimos diminuiu 41% entre 2023 e 2022. Uma das explicações possíveis para isso é que, com os juros ainda altos, embora em um ciclo de queda desde o início do ano passado, muitas famílias conseguiram apenas renovar suas dívidas – e não resolvê-las, enquanto outras encontraram formas alternativas de organizar o orçamento doméstico.

Não à toa, houve um aumento de 50% nos pedidos cujo objetivo era refinanciar o automóvel, por exemplo. Considerando todas as possibilidades de renegociar uma dívida, a modalidade cresceu 40% em 2023. 

Ou seja: de um lado, os juros elevados e a situação financeira das famílias diminuíram a demanda por empréstimos. De outro, muitas delas precisaram movimentar suas despesas por meio de alternativas oferecidas pelo mercado, como refinanciamentos.

Em 2023, a principal razão para recorrer ao sistema de crédito foi quitar dívidas. Entre as prioridades dos clientes da Finanzero, esse motivo foi citado por 31%. Em paralelo, houve quem pediu dinheiro para renovar a casa, iniciar um negócio próprio ou fazer investimentos – que representaram cerca de 41% das solicitações. Objetivos financeiros ligados à saúde (8,8%), estudos (6,6%) e compras (5,1%), por sua vez, ficaram em patamares menores.

Emprego formal

Outro destaque da pesquisa é que, no Brasil, a tendência é que os pedidos de empréstimos sejam feitos por pessoas formalmente empregadas. Em 2023, mais da metade (53%) das solicitações veio desse perfil. Para a FinanZero, uma das leituras desse fenômeno é que o salário real segue defasado e, assim, as famílias precisam complementar a renda com opções fora do orçamento.

Esse movimento pode ser visto na elevação de 2050% nas buscas por informações sobre “juros dos empréstimos pessoais” no Google, segundo uma análise feita pela FinanZero com base em dados do buscador.

Isso fica evidente também ao observar que o tíquete médio de empréstimos registrado em 2023, cerca de R$ 6,2 mil, se relaciona com os preços médios de faturas com multas e tarifas, além de boletos de financiamentos atrasados em pelo menos um mês. Cerca de 17% daqueles que pediram dinheiro emprestado na FinanZero em 2023 têm renda próxima a um salário mínimo por mês (R$ 1,5 mil).

Considerando que esse é um fenômeno que não se dissolve com rapidez, a tendência é que 2024 permaneça como um ano em que muitos brasileiros vão recorrer ao mercado de crédito para saldar dívidas atrasadas – algumas delas heranças do período da pandemia.

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