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Tchau, gravatas e tailleurs. Como ficou o dress code

O vestir corporativo em tempos de empoderamento e diversidade permite – e apenas isso – um equilíbrio entre profissionalismo e personalidade

Era uma vez um mundo corporativo dominado por gravatas, sapatos pretos, saltos altos e tailleurs. As regras eram praticamente inflexíveis, mas ao poucos as demandas e expressões derivadas da inclusão social solaparam o estilo único e careta. Porém é preciso tomar cuidados. O movimento “no dress code” desconstrói padrões, mas exige bom senso na adoção de um estilo.

É preciso lembrar que todo mundo está ali vestido para trabalhar, produzir e, à primeira vista, se mostrar capaz e inserido com certa igualdade de condições no ambiente. E isso vale há séculos. O conceito de código de vestimenta deriva da realeza europeia dos séculos VII e IX, mas foi no fim do século XIX que se popularizou no meio empresarial. E assim foi. Até os anos 1980, as empresas costumavam definir um conjunto específico de roupas e calçados adequados. O descumprimento dessas diretrizes poderia acarretar advertências.

Essa rigidez é deixada de lado. Os funcionários agora têm liberdade para escolher roupas e calçados que considerem confortáveis, promovendo um ambiente mais inclusivo e diversificado. Trajes casuais, como jeans, tênis e camisetas, tornaram-se mais comuns, coexistindo com ternos, blazers e tailleurs. Segundo Fabio Barbagli, vice-presidente de recursos humanos da Pepsico, “importa mais que as pessoas estejam em seu melhor momento e transmitam sua personalidade por meio da roupa”.

“Os funcionários se sentem mais à vontade, confortáveis e livres para serem eles mesmos, o que aumenta a motivação, o engajamento e a produtividade. As empresas, por sua vez, criam um ambiente que ajuda a reter talentos, projetando uma imagem moderna e inovadora.” , explica.

Não exatamente uma novidade. Começou nos anos 1990, com a ascensão dos yuppies, os jovens profissionais do mercado financeiro e da publicidade, com seus visuais coloridos (gravatas engraçadas) e ternos desestruturados. A seguir vieram as big techs, lideradas por Apple e Microsoft, que adotaram um linha ainda mais informal. Essa amálgama preparou o terreno.

Conforto e produtividade

A crise sanitária da covid e a necessidade de trabalho remoto ampliaram a importância do conforto no ambiente profissional. Um estudo global da marca Lululemon com mais de 20 mil pessoas revelou que 81% dos entrevistados afirmam ter um desempenho melhor quando estão vestindo roupas confortáveis. Para 76%, trajes casuais promovem melhores conexões entre colegas.

“As empresas que adotam a tendência têm uma cultura organizacional focada em diversidade, expressão e autonomia, o que significa que os líderes reconhecem que os funcionários são capazes de fazer escolhas adequadas para se apresentar no trabalho e expressarem a própria personalidade, não sendo necessários regimes rígidos que padronizam a equipe”, comenta Barbagli. 

Flexibilidade sim, desleixo nunca!

Com a volta aos escritórios, mesmo no modelo híbrido, a demanda por flexibilidade no vestir se intensifica e virou um elemento de análise dos RHs. No entanto, é importante ressaltar que a flexibilização do dress code não deve ser confundida com falta de profissionalismo. As empresas ainda precisam definir diretrizes claras sobre o que é aceitável e o que não é no ambiente de trabalho, sempre com foco no respeito e na inclusão de todos os colaboradores.

“A flexibilização do dress code não significa a ausência de qualquer regra. É importante que as empresas definam diretrizes básicas para garantir um ambiente profissional e respeitoso, sempre com foco no bem-estar e na individualidade de seus colaboradores”, explica a consultora de imagem e estilo Patricia Woutters.

Até mesmo os altos executivos concordam: a vestimenta precisa encontrar um equilíbrio entre profissionalismo e personalidade. “A maneira como você se apresenta reflete quem você é”, afirma Martha Leonardis, sócia e e head de Responsabilidade Social do BTG Pactual. Mas isso não significa abrir mão da sua individualidade. “Cada ambiente de trabalho tem suas próprias regras. Em uma fintech, o traje pode ser mais formal, enquanto em uma agência de marketing, um visual mais casual é mais adequado.”, explica.

“Você não precisa se moldar completamente ao ambiente, pois suas roupas comunicam quem você é”, ressalta Leonardis. “Manter sua personalidade através da roupa é fundamental para a impressão que deseja transmitir.” No entanto, bom senso e profissionalismo são essenciais: “Lembre-se de que estamos em um ambiente de trabalho, não na praia. Evite desleixo com a aparência.”

Pensando nisso, Woutters deu dicas do que deve ser evitado. Vale para ambientes formais e informais, vale para vida:

  • Roupas apertadas que dificultam a mobilidade ou que sejam visualmente inapropriadas ao cenário profissional (aqui vale o bom senso);
  • Peças muito reveladoras (transparente, curtas, decotadas, etc.);
  • Itens furados ou rasgados (não se aplica a um jeans discretamente rasgado, por exemplo, mas a peças desgastadas);
  • Tudo que estiver visivelmente desgastado pelo tempo de uso ou má conservação;
  • O que estiver manchado;
  • Calçados sujos ou muito desgastados.

“Todos esses itens dão a impressão de desleixo ou falta de comprometimento e seriedade com o trabalho – seja ele qual for. Sendo assim, é melhor evitar”, finaliza a consultora.

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