Neste 8 de março, conhecido como o Dia Internacional da Mulher, gostaria de fazer uma homenagem à médica Carlota Pereira de Queiroz. Talvez 99 entre 100 brasileiros não tenham ideia de quem foi essa médica paulistana – mas sua figura deveria ser admirada e celebrada por todos nós.

Carlota foi a primeira deputada federal do Brasil, eleita em 1933, um ano após as mulheres ganharem o direito ao voto no Brasil. Sua assinatura está na Constituição de 1934 e, neste mesmo ano, ela proferiu um discurso cujas palavras poderiam ser ditas em 2025:

– As condições financeiras da família exigiram da mulher nova adaptação. Através do funcionalismo e da indústria, ela passou a colaborar na esfera econômica. E, o resultado dessa mudança, foi a necessidade que ela sentiu de uma educação mais completa. As moças passaram a estudar nas mesmas escolas que os rapazes, para obter as mesmas oportunidades na vida. E assim foi que ingressaram nas carreiras liberais. Essa nova situação despertou-lhes o interesse pelas questões políticas e administrativas, pelas questões sociais. O lugar que ocupo neste momento nada mais significa, portanto, do que o fruto dessa evolução.

A contribuição de Carlota para a causa feminina é inestimável.

Muitos vão achar impensável. Mas até 1962 as mulheres precisavam de autorização do marido para trabalhar, receber herança, comprar ou vender imóvel, assinar documentos ou até viajar. Era como se as mulheres fossem seres incapazes, que precisavam se seus maridos para realizarem tarefas que hoje não causam espanto.

Vejamos o que dizia o Código Civil de 1916, no artigo 6º: “são incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: as mulheres casadas, enquanto subsistir a sociedade conjugal”.

Pois foi a deputada Carlota de Queiroz que apresentou o texto que ficou conhecido como “Estatuto da Mulher Casada”, que praticamente introduziu as brasileiras na era moderna, cancelando uma tutela masculina absolutamente anacrônica e retrógrada.

Ainda há muito o que ser feito para equiparar as oportunidades para homens e mulheres, sempre respeitando as diferenças entre os gêneros. Para isso, precisamos de mais mulheres como Carlota Pereira de Queiroz, uma pioneira que abriu caminho para muita gente que hoje se destaca na política e nas ciências.

À Carlota e a todas as mulheres, os parabéns de MONEY REPORT neste dia especial.