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Por que a Justiça demorou em coibir iniciativas suspeitas no turismo?

Dois casos recentes no mundo do Turismo chamam a atenção. Um deles é o inquérito aberto em julho pelo Ministério Público do Rio de Janeiro para investigar eventuais crimes cometidos pela Hurb, que prometia passagens baratíssimas aos consumidores. O outro é o da 123 Milhas, que chamou a atenção da CPI das Pirâmides Financeiras e cujos donos serão convocados a prestar esclarecimentos sobre os cancelamentos dos pacotes promocionais de viagens de setembro a dezembro.

Veteranos e neófitos do mercado de turismo são unânimes em dizer: não há como oferecer pacotes de viagens tão baratos como essas empresas. A única possibilidade é que essas companhias funcionem como uma pirâmide. Ou seja, um pacote custa 100 e é vendido por 10. Quem paga a diferença? Outros nove que pagaram os mesmos 10.

Enquanto houver gente entrando, o esquema – conhecido no exterior por “Ponzi”, em homenagem ao primeiro criador deste tipo de sistema – vai dando certo. Mas, em um determinado momento, o dinheiro para de entrar e o fluxo entra em colapso. É o que parece ocorrer nessas duas empresas, que não têm recursos para saldar os compromissos firmados com os clientes.

Como no esquema proporcionado por Bernie Madoff nas bolsas de valores, um engasgo no cenário macroeconômico provocou uma redução na captação de fluxo de caixa. E, desta forma,  o mecanismo ruiu como um castelo de cartas.

Ocorre que a Hurb é uma empresa estabelecida em 2011. Já a 123 Milhas abriu suas portas em 2016. Ou seja, estão no mercado há bastante tempo e conseguiram, inclusive, alguma notoriedade. A 123 Milhas, por sinal, fez até campanha publicitária e contratou a humorista Tatá Werneck para estrelar seus comerciais (Tatá, por sinal, teve o seu sigilo bancário aberto pela CPI, assim como o ator Cauã Raymond e o apresentador Marcelo Tas).

Se essas empresas estão atuando há muito tempo e sempre foram alvo de comentários, por que procuradores e parlamentares prestaram atenção nelas somente agora?

Antes tarde do que nunca, dirão os otimistas, que têm razão. Mas a Justiça não pode demorar tanto para entrar em campo em situações como essas. Foram quase 30 000 queixas em relação à Hurb no ano passado, diante de 1,2 milhão de passageiros. Somente no primeiro semestre, contudo, foram 52 000 reclamações, contra 441 000 viajantes.

Alguns dos perrengues passados pelos clientes das empresas:

+ Viagens pagas e canceladas sem aviso prévio;

+ Confirmações de reservas não efetuadas (de pacotes, hospedagens e passagens);

+ Clientes não conseguem marcar datas de viagens já compradas; os que embarcam chegam aos destinos e verificam que não há reserva no hotel;

+ Prazo do estorno dos valores pagos após cancelamento não é respeitado

Com um currículo desses, procuradores deveriam ter percebido os problemas causados mais rapidamente. Dessa forma, evitariam as dificuldades que muitos turistas estão passando, acreditando na boa-fé de seus fornecedores.

Para um mercado com enorme potencial como o de turismo, esses casos são péssimos e precisam ser resolvidos imediatamente.  

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