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Hedy Lamarr e a tecnologia wireless

Nesta semana, recebi um pedido de amizade no Facebook. A pessoa em questão se chamava Hedylamarr, um nome obviamente inspirado na atriz de Hollywood da primeira metade do Século 20. Curioso, fiz uma pesquisa na mesma rede social e vi que existe uma infinidade de mulheres cujo epíteto foi baseado em Hedy Lamarr.

A primeira vez que a vi foi na “Sessão da Tarde”, que passou o filme “Sansão e Dalila”, o qual ela estrelou com Victor Mature. Até hoje me lembro da cena em que Sansão está escravizado e cego, empurrando as engrenagens de um moinho. Ela se posta em frente a ele, sem saber que o antigo amante fora cegado pelos filisteus, e se assusta ao perceber o que acontecera após ela ter revelado o segredo do amante.

Mas por trás de uma beleza estonteante estava um cérebro prodigioso. Em plena Segunda Guerra Mundial, ela criou um sistema de comunicação secreta para os aliados. O processo envolvia uma sequência de frequências variáveis que mudava automaticamente as faixas de transmissão para evitar interferências ou escutas clandestinas. O projeto, feito em parceria com o compositor George Antheil, nunca foi utilizado pelas Forças Armadas, mas acabou sendo patenteado em 1942 e sua lógica é a base do que temos hoje em toda a comunicação wireless: telefonia celular, wi-fi e Bluetooth.

Sua ousadia também se refletiu no cinema. Ainda na Europa, em 1933, ela rodou um filme chamado “Êxtase”, do diretor checo Gustav Machatý, que é pioneiro por duas razões. Trata-se do primeiro registro cinematográfico de um nu feminino e da primeira cena que se tem notícia de um orgasmo, ambas sequências protagonizadas por Lamarr.

Embora a atriz tenha inspirado inúmeros pais brasileiros a batizarem filhas com seu nome, “Hedy Lamarr” é um pseudônimo artístico. Ela nasceu Hedwig Eva Maria Kiesler em Viena, na Áustria, e criou o nome artístico por conta de Margaret Mayer, casada com Louis B. Mayer, da MGM. O casal Mayer queria que a atriz não fosse identificada com a moça que ficara nua em “Êxtase”. Margaret, então, sugeriu que ela adotasse um sobrenome parecido com o da estrela do cinema mudo Barbara La Marr (que, por sinal, também era um nome artístico, já que ela tinha sido registrada como Reatha Dale Watson).

Sua vida privada daria um roteiro de cinema interessante. Antes da Segunda Guerra, ela foi casada com o homem mais rico da Áustria, Friedrich Mandl, que a proibiu de atuar. Mandl tinha ascendência judaica, mas ainda assim apoiava o nazismo (mais tarde, ele teria seus bens confiscados pela Gestapo). Lamarr, apesar de ter se convertido ao catolicismo, tinha também raízes hebraicas e decidiu fugir da Áustria por conta da ascensão de Adolf Hitler ao poder. Usou o uniforme de uma de suas empregadas domésticas e saiu de casa sem ser importunada, diretamente para um trem que a levou a Paris, de onde foi a Londres.

Apesar de ter uma mente privilegiada para a engenharia, será sempre lembrada pela beleza que a tornou famosa no cinema e pelos olhos azuis que, dependendo da ocasião, ficavam cinzas (ela mesmo dizia que sua íris era de um “azul camaleônico”). Era tão bela que Walt Disney usou seu rosto como inspiração para tracejar a figura de Branca de Neve, em seu filme de 1937.

Falando no gênio do desenho animado e dos parques temáticos, vocês já digitaram “waldisnei” na busca do Facebook? Tem mais resultados que “hedylamarr”…

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Comentários

Uma resposta

  1. Que matéria maravilhosa, Aluízio!! Mais uma, né? Sempre muito bom e elucidativo receber e poder ler teus “reports”. Parabéns!!! E obrigado por me permitir fazer parte de grupo tão privilegiado!!

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