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Emily, quem diria, cancelada em… Paris

Antes de mais nada, vamos fazer uma distinção entre parisienses e os demais franceses. Os moradores de Paris têm um estereótipo conhecido no mundo todo: mal-humorados, ríspidos e arrogantes. Já aqueles moram no interior ou na costa costumam ser mais afáveis e prestativos. Mas estamos falando de um chavão, que nem sempre corresponde à realidade. Já conheci parisienses simpáticos e divertidos e cidadãos provençais intragáveis.

Mesmo que o clichê fosse uma realidade absoluta, eu até entenderia o comportamento desaforado: imagine que diariamente sua cidade é invadida por, no mínimo, 100 000 turistas, um número que pode quadriplicar em determinados momentos do ano. Essa turistada geralmente aborda os parisienses sem falar francês ou conhecer as regras de etiqueta vigentes na França.

É neste contexto que surgiu recentemente um fenômeno curioso: a série “Emily in Paris” foi cancelada por uma parcela dos parisienses. De uns tempos para cá, pichações na cidade anunciam que “Emily não é bem-vinda” (“Emily not welcome”).

Particularmente, não sou um grande fã do seriado, que mostra o cotidiano de uma jovem publicitária americana que é transferida para a capital francesa e tem uma vida amorosa conturbada. O produtor é um velho conhecido dos telespectadores: Darren Star, o mesmo de sucessos como “Melrose Place” e “Sex and the City”. As peripécias de Emily (Lily Collins, filha do músico Phil, da banda Genesis) são retratadas em meio a cenários fabulosos e motivaram uma legião de turistas a um périplo de visitas às locações. Esse fluxo extra de turistas começou a irritar uma parte dos cidadãos locais e – voilá – começaram a pipocar as pichações que cancelam a produção da Netflix.

A ideia de detonar “Emily” poderia sair da cabeça de Sylvie Grateau, a chefa da personagem principal, uma parisiense típica vivida por Philippine Leroy-Beaulieu. Locais que antes eram tranquilos, cafés que eram conhecidos apenas por quem mora nas redondezas e restaurantes com mesas disponíveis ficaram entupidos de gente. Inevitável que alguns parisienses ficassem irritados e buscassem alguma forma de protesto.

Ocorre que o turismo responde por cerca de 10 % do PIB francês e emprega 3 milhões de pessoas, um pouco menos que 10 % do total de sua população economicamente ativa. Ou seja, o ideal seria justamente abraçar a vocação turística e receber bem os visitantes de outros países.

É preciso ressaltar que o cenário mudou para melhor nos últimos tempos, embora ainda exista a mesma mentalidade em alguns locais. No ano passado, eu e minha família fomos a um café e chegamos perto da hora do almoço para comer um croissant e beber um expresso. O gerente do local foi extremamente rude, deixando minha filha atônita. Irritado, confesso que respondi a falta de educação à altura e fui embora. Andamos duas quadras e encontramos um lugar melhor e super acolhedor.

Esse cancelamento de “Emily”, felizmente, não reflete o comportamento dos franceses como um todo – assim como a atitude grosseira do rapaz que gerenciava o café que fui em julho de 2023. Espero que essas pichações vão embora como começaram – na calada da noite.

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Comentários

Uma resposta

  1. Em minhas visgens a Paris, não tive nenhuma situação de desconforto, sepre fui bem tratado, somente tive nuito cuidado a solicitar qualquer atendimento

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