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As melhores músicas nascem do caos emocional

Muitos dos grandes compositores são pessoas com uma fila gigantesca de problemas que desafiariam grandes psicoterapeutas: John Lennon, Kurt Cobain, Elton John, Brian Wilson e Iggy Pop, para ficar em alguns. Mas e quando uma banda inteira é sacudida por questões que envolvem praticamente todos os integrantes?

Nos anos 1960, o grupo The Mamas and The Papas fizeram muito sucesso com hits como “California Dreamin’” e “Monday, Monday”. Mas a banda acabou perdendo o rumo depois que Michelle Philips, casada com John, o líder do grupo, começou a ter um caso com Denny Doherty, um dos quatro membros. Ann Wilson, vocalista do Heart, criou uma confusão parecida quando trocou o empresário da banda, Mike Fisher, pelo baterista Micheal Derosier. E o que dizer do ABBA, que era formado por dois casais. Um ano após a separação de Bjorn Ulvaeus e Agnetha Faltskog, Benny Anderson e Anni-Frid Lyngstad também se divorciaram. A banda, então, acabou.

Talvez o caso mais complexo de separação de casais que tocavam juntos seja o da banda Fleetowood Mac. Criada na Inglaterra pelo baixista John McVie e o baterista Mick Fleetwood, o grupo se mudou para Los Angeles no início da década de 1970. John havia casado com a tecladista Christine Perfect, que se juntou ao line-up original (depois, ela adotaria o sobrenome McVie).

Fleetwood Mac teve um sucesso aqui e outro ali. Mas a coisa mudou quando incorporou outro casal que fazia música juntos, o guitarrista Lindsey Buckingham e a vocalista Stevie Nicks (imagem). A nova dinâmica trouxe uma onda frenética de criatividade entre os músicos, que emplacaram três sucessos seguidos entre 1975 e 1976. A gravadora, então, passou a pressionar a banda para gravar um novo disco.

É neste momento que ocorreu uma confusão incontornável. Os dois casais da banda se separaram simultaneamente. Os McVie não se falavam mais. Buckingham e Nicks só brigavam. E Mick Fleetwood descobriu que a esposa, Jenny Boyd (irmã de Patty, ex-mulher de George Harisson e de Eric Clapton, musa de “Something” e “Wonderful Tonight”), estava tendo um caso com seu melhor amigo.

Uma situação como essa poderia levar ao caos absoluto, certo?

Não foi o que aconteceu com o Fleetwood Mac. Eles se reuniram em Sausalito e começaram a trabalhar em canções que Christine, Stevie e Lindsey tinham composto separadamente (a única criação coletiva é “The Chain”, que abre o lado 2). O clima foi tenso, especialmente porque um dos membros acabava cutucando outro com as letras de suas canções.

“Dreams”, de Nicks, tem insinuações a respeito do comportamento de Buckingham. Já “You Make Lovin’ Fun”, de Christine McVie, foi feita para celebrar o primeiro namorado que tivera depois do divórcio. John teve de ensaiar incessantemente uma canção na qual sua ex-mulher celebrava a existência de outro homem e Lindsey ouviu as alfinetadas da ex inúmeras vezes nas gravações.

No final, esse desequilíbrio emocional produziu uma das maiores obras-primas do rock internacional, com quatro singles e um álbum que vendeu 40 milhões de cópias. Além disso, “Don’t Stop”, um dos sucessos saídos do disco, foi tema da campanha de Bill Clinton à Casa Branca e trouxe o disco de volta às paradas em 1992.

Acha que a história termina por aqui? Pois saiba que, depois do lançamento de “Rumors”, Fleetwood e Nicks engataram um namoro.

Mas isso é tema para outro texto.

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