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Aeroportos brasileiros precisam de bombeiros

Documento entregue ao Ministério de Portos e Aeroportos alerta para aumento de gastos, quebra de contratos e risco de novo caos aéreo como o de 2006

A possível retomada do uso de bombeiros militares do serviço de resgate nos aeroportos brasileiros acende um alerta grave para o setor aéreo. O deslocamento desses profissionais das ruas para os terminais ignora as exigências técnicas específicas do ambiente aeroportuário e representa um retrocesso com alto custo para o Estado. Atualmente, os serviços são realizados por mais de 3,5 mil profissionais especializados, com formação exclusiva para operações em aeródromos e atuação em mais de 37 terminais públicos e privados.

A substituição por bombeiros militares comprometeria padrões internacionais de segurança, quebraria contratos em vigor, elevaria significativamente os gastos públicos com estrutura, deslocamento e readaptação funcional e demitiria todos estes funcionários. Além disso, resgata práticas que já demonstraram ineficiência, como no caos aéreo de 2006 e 2007, quando a presença de estruturas militares em setores críticos expôs falhas graves de gestão, contribuindo para uma das maiores tragédias da aviação brasileira.

O tema foi levado diretamente ao ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. O Sepebc-DF, junto a entidades representativas do setor, entregou pessoalmente um documento técnico que alerta sobre o risco de reverter uma estrutura que funciona com alta performance e baixo custo, substituindo-a por um modelo mais oneroso e ineficaz. A proposta sugere a consolidação normativa do modelo especializado já em operação, a criação de um selo de excelência operacional, e a adoção de indicadores públicos de desempenho. “Não faz sentido tirar profissionais treinados especificamente para o ambiente aeroportuário e trazer bombeiros militares, que, embora competentes em suas funções, não dominam os protocolos e exigências de um aeródromo. Isso aumenta os riscos e encarece o sistema”, afirma Felipe Araújo Sousa, presidente do SidBombeiros do Distrito Federal.

O alerta também foi feito pela Federação Nacional dos Trabalhadores de Bombeiros de Aeródromo, que destacou os impactos econômicos e operacionais da remilitarização. Segundo a entidade, além da quebra de contratos e prejuízos à empregabilidade, o retorno dos bombeiros militares poderia comprometer os Planos de Emergência dos Aeródromos (Plem), estruturados com base em normas internacionais e rotinas altamente específicas.

O setor agora aguarda um posicionamento formal do Ministério e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), com a expectativa de que o país mantenha o caminho da profissionalização e da racionalidade fiscal. Especialistas apontam que qualquer tentativa de retorno de alocação de bombeiros militares implicaria não só em aumento de custos, mas também em insegurança jurídica para as concessionárias e potenciais danos à imagem do sistema aeroportuário brasileiro.

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