Por Ben Blanchard
PEQUIM (Reuters) – O fato de uma grande cúpula da região Ásia-Pacífico ter terminado sem um comunicado final se deveu a certos países que “deram desculpas” para o protecionismo, disse um diplomata chinês de alto escalão, uma crítica velada a Washington que azeda ainda mais os laços entre China e Estados Unidos antes da reunião do G20.
Depois de meses trocando farpas por causa de uma guerra comercial danosa, o disputado Mar do Sul da China e o apoio dos EUA a Taiwan, reivindicada por Pequim, os presidentes das duas nações recuaram da beira do abismo com uma conversa telefônica para quebrar o gelo no início deste mês.
Embora Donald Trump e Xi Jinping tenham manifestado a esperança de resolver sua desavença comercial antes de um encontro planejado para o G20 na Argentina no final da semana que vem, desde então as relações voltaram a se tensionar.
A cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), realizada em Porto Moresby no final de semana, expôs uma discórdia explícita, enfatizada por disputas entre os EUA e a China quanto ao comércio, a segurança e a qual dos dois seria o melhor parceiro de investimento para a região.
Foi a primeira vez em que os líderes reunidos não chegaram a um comunicado conjunto, tendo como pano de fundo a guerra comercial agressiva.
A incapacidade de redigir um comunicado “não foi de forma nenhuma acidental”, disse o conselheiro de Estado Wang Yi, o diplomata mais graduado do governo chinês, em comentários publicados no site do Ministério das Relações Exteriores de seu país na segunda-feira.
“É principalmente porque economias individuais insistiram em impor seus próprios textos às outras partes, dando desculpas para o protecionismo e o unilateralismo e não aceitando revisões sensatas dos chineses e de outras partes”, disse Wang, segundo a chancelaria, sem mencionar nenhuma nação, em uma referência oblíqua aos EUA.
“Esta prática causou insatisfação entre muitas economias, incluindo a China, e obviamente não se alinha ao princípio de consenso adotado pela Apec”.
O valor da Apec está no consenso, acrescentou Wang.
O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, que liderou a delegação presente ao evento, disse que seu país não recuará da disputa comercial e que pode até duplicar tarifas a menos que Pequim se curve às suas exigências.
A guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo vêm prejudicando os mercados financeiros – ações caíram em todo o mundo na segunda-feira em parte devido à tensão persistente.
(Reportagem adicional de Michael Martina)