Por Andrew Cawthorne
NIZHNY NOVGOROD, Rússia (Reuters) – Enquanto um empolgado Diego Maradona girava a camisa nas arquibancadas e milhares de torcedores da Argentina gritavam antes do início do jogo contra a Croácia, Lionel Messi foi visto esfregando a testa e aparentando tensão.
O camisa 10 só tocou na bola 20 vezes durante o primeiro tempo do jogo, menos do que qualquer outro jogador argentino, e saiu de campo abatido.
Mas as coisas ainda piorariam no segundo tempo do pesadelo argentino de quinta-feira em Nizhny Novgorod, quando a Croácia destruiu o time de Messi com três gols e provocou a pior derrota da Argentina na fase de grupos de um Mundial em 60 anos.
Prestes a completar 31 anos no final de semana, o craque do Barcelona deixou o campo parecendo solitário e desolado depois de uma partida que pode ter acabado com suas chances de conquistar uma Copa do Mundo.
Maradona, campeão mundial de 1986 ao qual os argentinos o comparam constantemente, começou o jogo acenando com uma camisa 10 de Messi e o terminou enxugando lágrimas.
Nas redes sociais e entre os torcedores, os grandes debates sobre Messi –ele é tão grande quanto Maradona? É melhor do que o português Cristiano Ronaldo?- pegaram fogo rapidamente.
“Estou com vergonha dessa camisa. Nesse momento, quero queimá-la. Onde estava Messi? Onde estava a Argentina?”, disse Renzo Alvarez, de 47 anos, gritando raivosamente entre um grupo de torcedores igualmente raivosos, todos vestindo camisas de Messi e alguns até máscaras de seu rosto.
“Viemos até aqui, gastamos milhares de dólares que mal podemos bancar, torcemos com todo o entusiasmo e eles não mostram nenhuma emoção, nenhuma garra pela nação. Simplesmente não consigo acreditar”.
Disputando seu quarto Mundial ainda marcado pela derrota de 1 x 0 para a Alemanha na final de 2014 no Brasil, Messi agora encara com a Argentina a perspectiva chocante de uma eliminação na primeira fase a menos que os outros resultados do Grupo D os favoreçam.
Ele já havia se aposentado da seleção uma vez depois de perder uma decisão nos pênaltis contra o Chile na final da Copa América de 2016, mas foi persuadido a voltar pelos apelos de torcedores, familiares, colegas de time e até de Maradona.
Mas tendo em conta que terá 35 anos na próxima Copa do Mundo e que está cedendo visivelmente ao peso das expectativas, a maioria das pessoas acredita que Messi deixará a seleção de vez algum tempo depois do torneio da Rússia.
“Leo é nosso corpo e alma, mas não conseguimos achá-lo com a bola”, disse o técnico Jorge Sampaoli, pedindo que os torcedores voltem sua ira contra ele próprio, e não contra o jogador.